Expresso | Fajãs, cascatas, queijo e… café: Dez boas razões para visitar a ilha de São Jorge

2022-05-14 16:51:25 By : Mr. henry Pan

Poça Simão Dias

Nem mais, nem menos que “o mais belo local do Mundo para passar férias”. Assim descreveu a "National Geographic Traveller", habituada a viajar pelas mais diversas paisagens de deslumbramento, à Fajã da Caldeira de Santo Cristo, em São Jorge. Este é apenas uma das dez razões que justificam uma visita à quarta maior ilha açoriana.

Fajã da Caldeira de Santo Cristo A ilha de São Jorge é conhecida por ser farta nestas formações naturais – as fajãs –, resultantes do deslizamento de terras das arribas por ação vulcânica. Há mais de 70, cada uma com a sua particularidade. Em comum, estes pequenos espaços de terra entre as escarpas e o mar oferecem um microclima e uma vivência cultural peculiar que resultam das tradições cultivadas ao longo dos séculos de quase isolamento. Localizada na freguesia da Ribeira Seca, concelho da Calheta, a Fajã da Caldeira de Santo Cristo vive rodeada de uma paisagem vibrante e, tal como os mais belos locais, exige esforço para ser alcançada.

Prepare-se para caminhar, já que não é acessível de automóvel. Comece o percurso na serra do Topo, a 700 metros de altitude, percorrendo durante cerca de hora e meia um trilho assinalado de 5 km. O barco é uma alternativa. Seja qual for o ponto de partida, pelo caminho encontra muitos motivos para parar, apreciar e explorar. Misteriosas grutas e mágicas cascatas de água cristalina fazem parte do roteiro, bem como o santuário do Senhor Santo Cristo e o Centro de Interpretação Ambiental. Se é adepto da observação de aves, o percurso pela fajã e a lagoa oferecem uma diversidade de espécies, que incluem o cagarro – a mais abundante das aves marinhas nidificantes – gansos e patos. Das espécies marinhas são observáveis estrelas-do-mar, ouriços-do-mar e até tartarugas. Ao longo do percurso encante-se ainda com uma curiosa vegetação típica da Macaronésia, de onde se destacam o louro e a urze.

Surf e bodyboard Outra das grandes particularidades naturais da Fajã da Caldeira de Santo Cristo é a qualidade das ondas, que fazem deste local uma espécie de santuário para praticantes de surf e bodyboard, oriundos um pouco de todo o mundo. Foi a pensar nestes aventureiros que nasceu a Caldeira GuestHouse & SurfCamp (tel. 912517001), com várias tipologias de acomodações (a partir de €45), aluga pranchas de surf (e dá aulas), bodyboard, stand up paddle, caiaques, equipamento de snorkeling e de pesca submarina, além de fornecer transporte próprio até às ondas. Mas, qualquer hóspede é bem-vindo. Outra alternativa é a Casa da Lagoa, com dois quartos e onde há sempre um barco de borracha disponível para explorar a lagoa, pranchas de bodyboard e… canas de pesca.

Trilhos do Topo às fajãs O isolamento e a dificuldade de acesso são parte do encanto. Excluindo a via marítima, só se chega à Fajã da Caldeira de Santo Cristo, desde a Fajã dos Cubres (a pé ou de moto 4) ou desde a Serra do Topo, deixando o carro junto ao parque eólico e percorrendo a pé o trilho PR01 SJO. Desce-se lentamente, parando para refrescar numa convidativa cascata. Lentamente, desvenda-se o destino paradisíaco formado a partir de um desmoronamento de terras. A proximidade ao mar desenhou uma lagoa de contornos poéticos, onde crescem as únicas amêijoas produzidas nos Açores, fartas e pode saborear no restaurante O Borges. Visite a Casa do Parque, a igreja e saiba que o trilho prossegue até à Fajã dos Cubres, totalizando cerca de 10 km. Mas só a pernoita permite desligar a sério, perceber o valor do silêncio, do sossego e da natureza. Terá tempo de sobra para ler, mergulhar e nadar nesta lagoa muito especial.

Poça Simão Dias

Poça Simão Dias Uma piscina natural de cor azul profundo, rodeada de escarpas negras de basalto muito altas que travam a força das águas do oceano Atlântico, arranca reações de espanto. Na Fajã do Ouvidor, na Poça Simão Dias, a maior da ilha de São Jorge, a água é límpida e o cenário selvagem. Pede mergulho imediato e, claro, snorkelling. Extensa e irregular, devido às formações rochosas dispersas, resultado de erupções vulcânicas, a piscina tem uma zona profunda com um brilho dourado particular que contorna o azul-celeste da água. Aventure-se pelo rappel ou escalada com a Aventour. Procure mais piscinas naturais. Aqui são chamadas poças. A mais próxima é a do Caneiro. A Fajã do Ouvidor pertence ao concelho das Velas, fica situada na costa norte da ilha, sobranceira à falésia com 400 metros. É também conhecida como Fajã do Porto. Conheça este ancoradouro com tradição piscatória e embarcações coloridas. Além de piscinas, na costa da Fajã do Ouvidor, há grutas formadas pela erosão marinha. Faça uma visita de barco à gruta Furna do Lobo com cerca de 50 metros de comprimento. Suba ao miradouro no alto da serra e fique sem respiração com a panorâmica sobre a Fajã, com a Graciosa e a Terceira em pano de fundo.

Aventura O programa “Rota das Fajãs”, de três dias, organizado pela Aventour Azores Adventures (Tel. 963831986), e pode ser personalizado e feito parcialmente, passa por 16 fajãs, das mais de 70 existentes na ilha. A empresa de aventura também oferece a possibilidade de explorar tubos lávicos, num dos passeios de espeleologia, que podem levar jovens com mais de 10 anos a explorar os mistérios de tubos vulcânicos e grutas perto do mar. Sediada na ilha, a Aventour conhece todos os recantos e segredos de São Jorge. Além de disponibilizar guias, também organiza as mais diversas atividades radicais, adaptadas a diferentes graus de dificuldade, entre percursos pedestres, orientação, escalada e canyoning.

Fornos de Lava Outra paragem obrigatória para desfrutar da gastronomia local é o restaurante Fornos de Lava (Tel. 917394977). Localizado em Velas, abriu, numa antiga eira, há mais de 20 anos, tempo suficiente para se tornar exímio na arte de bem servir. Dada a qualidade dos produtos e da confeção, na amenta não tem muitas alterações, mantendo-se segura na apresentação das várias especialidades: o peixe fresco do dia, o “Filet mignon” e a “Costeleta de vitela”, as cataplanas, lapas, “Amêijoas da Fajã de Santo Cristo” e o Queijo São Jorge. Prove ainda o bife de vitela gratinado com crosta de queijo da ilha acompanhado com batata, batata-doce, legumes e alecrim da horta. O edifício destaca-se na paisagem e a vista compensa.

Amêijoas Se a atividade não é o seu forte, após tanto exercício, o melhor é deixar-se consolar pela “maravilha gastronómica” local: as amêijoas. Gozam de grande fama, que já ultrapassou as pequenas fronteiras da ilha devido ao sabor característico e à forma fácil e abundante como se reproduzem na lagoa da Fajã de Santo Cristo. O restaurante Amílcar (tel. 919290221), na vizinha Fajã do Ouvidor, onde se localiza a piscina natural Poça Simão Dias, é um dos locais onde pode experimentar a especialidade, complementada por lapas e peixe fresco.

Queijo de São Jorge DOP

Queijo e… café A história do queijo será paralela à descoberta da Ilha, em meados do século XV. Aos primeiros povoadores, portugueses, juntaram-se outras nacionalidades, incluindo oriundos da Flandres que incentivaram ao fabrico de queijo, pelo facto de a ilha ter um clima semelhante. Com um método de produção praticamente inalterado ao longo de 500 anos, o queijo São Jorge DOP, obtido a partir de leite cru de vaca, é classificado como um queijo curado de pasta dura ou semidura, com sabor picante, que evolui consoante os meses de cura.

Na Cooperativa de Leitaria da Beira (Tel. 295438274) pode fazer provas gratuitas das várias fases de cura do Queijo São Jorge DOP, que variam entre três e 24 meses. Tudo começa com os animais leiteiros e a sua alimentação que guarda curiosidades qb. No verão, levam-se as vacas “a nado”, ou seja, a reboque de um barco, para pastarem no ilhéu da Ponta do Topo, que dista escassos 100 metros da costa. A localidade do Topo também é conhecida pela qualidade do queijo. Lá ou cá saiba que todas as semanas, através da página de Facebook da Confraria do Queijo de São Jorge pode ler diversas reportagens e assistir a vídeos que ensinam a preparar receitas. A Confraria tem sede na mais antiga fábrica de queijo da ilha.

Já no caso do café, a sua produção é mais desconhecida – e também menos abundante – na ilha. Compensa pela raridade e caraterísticas peculiares. Aromático, frutado e com uma “doçura e acidez especial”, o Café da Fajã dos Vimes, na ilha de São Jorge merece uma visita. A produção é antiga sendo aumentada para “bem servir” quem vinha comprar colchas ou passear. Pode provar no Café Nunes (Tel. 295416717).

Dormir junto a uma cascata… Casinhas de pedra, com portas e janelas azuis, aparecem enclausuradas entre colinas verdejantes e a linha de mar. Estamos numa das fajãs de São Jorge, classificada como Reserva Natural da Biosfera. O interior das duas casas (cinco quartos) do Abrigo da Cascata (Tel. 936250231), localizadas na Fajã do Cavalete, na Calheta, surpreende pela decoração moderna e o conforto em ambiente rural. Explore o jardim, com plantas e ervas aromáticas, usufrua da sala comum e reserve uma refeição. Faça canyoning na cascata e percorra o trilho ao longo da costa oeste. A partir de €120

… ou entre o colorido da paisagem No terreno subsiste, altiva e imponente, a magnólia, flor que dá nome à Quinta da Magnólia (Tel. 295414211), situada em Urzelina. Na casa principal, com sete quartos, está a sala de pequenos-almoços e o lobby bar, para se sentar a ler um livro, beber um chá ou ver televisão. No exterior fica a piscina comum e mais três suítes em pedra, uma delas com um jacuzzi privado ao ar livre. Os alojamentos decoram-se com o verde dos Açores, o azul do mar, o cinza basáltico e o vermelho, a lembrar os antigos moinhos de vento da freguesia.

foto: antonio araujo abrigo da cascata

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