Opera Mundi: ONU pressiona Moscou e Kiev para evitar desastre nuclear em Zaporíjia

2022-08-13 04:11:37 By : Ms. Vera Liao

Bonn (Alemanha) 2022-08-12T12:37:00.000Z

Rússia e Ucrânia voltaram a se acusar mutuamente de bombardear a usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, atualmente sob controle russo. Em meio a temores de um desastre, a ONU propôs uma zona desmilitarizada no local, e Kiev exigiu a retirada das forças russas.

A agência nuclear ucraniana Energoatom afirmou que o complexo nuclear de Zaporíjia, localizado no sul da Ucrânia, foi atingido cinco vezes nesta quinta-feira (11/08), inclusive nas proximidades do local de armazenamento de materiais radioativos.

As autoridades russas, por sua vez, afirmaram que tropas ucranianas bombardearam a usina duas vezes, interrompendo uma troca de turno, segundo a agência de notícias russa TASS.

Em reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta quinta, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, pediu a Moscou e Kiev que permitam imediatamente que especialistas em energia nuclear inspecionem a usina e avaliem os danos, segurança e proteção no extenso complexo nuclear, onde a situação "vem se deteriorando muito rapidamente".

Grossi afirmou que as declarações de Rússia e Ucrânia "são frequentemente contraditórias", e a AIEA não pode corroborar fatos importantes a menos que seus especialistas visitem o complexo nuclear de Zaporíjia.

Ele apontou que, devido a bombardeios e várias explosões na usina na última sexta-feira, um dos reatores nucleares da usina teve que ser desligado.

Na reunião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a ambos os lados que parassem com todos os combates nos arredores da usina. "A instalação não deve ser usada como parte de nenhuma operação militar", disse Guterres comunicado. "Em vez disso, é necessário um acordo de nível técnico urgente sobre um perímetro seguro de desmilitarização para garantir a segurança da área."

A Rússia ocupou Zaporíjia em março, após invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro. A usina, próxima à linha de frente dos combates, está sob o controle das forças russas, mas é operada por trabalhadores ucranianos.

No encontro do Conselho de Segurança, os EUA apoiaram o apelo por uma zona desmilitarizada e instaram a Agência Internacional de Energia Atômica a visitar o local.

O embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzia, disse que o mundo está sendo empurrado para "a beira de uma catástrofe nuclear comparável a Tchernobyl" e acrescentou que funcionários da AIEA poderão visitar o local ainda neste mês.

Assim como a AIEA, a agência de notícias Reuters afirmou que não conseguiu verificar de forma independente os relatos de ambos os lados sobre as condições na usina de Zaporíjia.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, exigiu que a Rússia devolvesse o controle da usina à Ucrânia. "Apenas a retirada total dos russos e a restauração do controle total ucraniano sobre a situação em torno da usina podem garantir a retomada da segurança nuclear para toda a Europa", disse Zelenski em vídeo.

A França repetiu a exigência de Zelenski e disse que a ocupação russa do local colocou o mundo em perigo. "A presença e os movimentos das Forças Armadas russas perto da usina aumentam significativamente o risco de um acidente com consequências potencialmente devastadoras", afirmou o Ministério do Exterior francês em comunicado.

Kiev acusa Moscou de disparar mísseis a partir da usina nuclear capturada contra cidades do entorno, sabendo que seria muito arriscado para as forças ucranianas contra-atacarem. Ao menos 13 pessoas foram mortas nesta quarta num desses bombardeios contra o distrito de Nikopol, segundo autoridades locais.

Nesta sexta-feira, o Estado-Maior ucraniano relatou ataques aéreos das forças russas em dezenas de cidades e bases militares, principalmente no leste do país.

Os seguidos bombardeios à usina de Zaporíjia nos últimos dias provocaram alarme na comunidade internacional e na AIEA. A Energoatom afirmou que ataques realizados na noite do último sábado por militares russos danificaram três sensores de radiação da usina.

De acordo com a empresa, o bombardeio atingiu as instalações de armazenamento seco, onde ficam 174 contêineres com tubos de combustível nuclear já usados. A Rússia, por sua vez, disse que os militares ucranianos haviam atingido a instalação nuclear usando um sistema de lançamento múltiplo de foguetes de 220 mm.

O complexo nuclear tem seis reatores e é capaz de gerar 5.700 megawatts e, no momento, três deles estão em operação. Segundo especialistas, se a usina perder a energia da rede, há risco de os geradores e baterias de backup não serem suficientes para resfriar os reatores e os reservatórios de combustível radioativo.

Somam-se a essas preocupações as suspeitas de que as forças russas estariam usando Zaporíjia como depósito de armas e cobertura para o lançamento de ataques.

Em 4 de março, no início da ocupação russa, houve um incêndio na usina após um bombardeio russo, que foi controlado duas horas e meia depois e provocou pânico sobre a possibilidade de um desastre nuclear.

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Paris (França) 2022-08-12T21:20:00.000Z

O governo do Reino Unido declarou oficialmente nesta sexta-feira (12/08) estado de seca em várias regiões do sul, centro e leste da Inglaterra, após vários episódios de ondas de calor e regime de chuvas anormal. O país teve o mês de julho mais seco desde 1935, com a precipitação atingindo apenas 35% da média habitual.

Várias partes da Inglaterra e País de Gales foram colocados em alerta vermelho por quatro dias devido ao "calor extremo". O governo incentiva a população e as empresas a usarem a água com moderação. As distribuidoras de água dessas regiões poderão implementar medidas restrições para economizar.

De acordo com o governo do Reino Unido, a mudança para o status de seca foi baseada em fatores como chuvas, fluxos de rios e níveis de águas subterrâneas e reservatórios e seu impacto no abastecimento público de água.

“Pedimos a todos que administrem a quantidade de água que estão usando neste período excepcionalmente seco”, disse Harvey Bradshaw, presidente do National Drought Group, da Agência de Meio Ambiente, em um comunicado.

A Agência do Meio Ambiente e as empresas de fornecimento de água "intensificarão suas ações para gerenciar os impactos" e avançarão com seus planos de seca publicados, incluindo medidas como a proibição do uso de mangueiras. Bradshaw enfatizou, no entanto, que "os suprimentos essenciais de água são seguros".

O ministro dos Recursos Hídricos, Steve Double, disse que o governo "deixou claro" para as empresas que "é seu dever" manter os suprimentos essenciais. “Estamos mais bem preparados do que nunca para os períodos de tempo seco, mas continuaremos monitorando de perto a situação, incluindo os impactos para os agricultores e o meio ambiente”, acrescentou.

Três empresas de abastecimento de água - Welsh Water, Southern Water e South East Water - impuseram proibições do uso de mangueiras, enquanto várias outras devem seguir o mesmo exemplo.

Todos os meses de 2022, exceto fevereiro, foram mais secos do que a média, de acordo com o Met Office. Imagens de satélite de julho divulgadas pela NASA mostraram áreas marrons secas que se estendem pela maior parte do sul da Inglaterra e pela costa nordeste. A nascente do rio Tâmisa secou.

Os críticos apontaram para os bilhões de litros perdidos diariamente pelas empresas privadas de água, cuja alta administração recebe milhões de libras, anualmente, e que regularmente pagam dividendos aos acionistas. "Eles deveriam realmente se colocar em ação", disse Claire Connarty, 61, enquanto visitava um viveiro de plantas em Kent, sudeste de Londres, onde uma proibição para regar os jardins entrou em vigor nesta sexta-feira. "Eles têm vazamentos em todo o lugar, mas depois nos dizem para limitar nossa água (uso)".

O colega de compra foi mais compreensivo, observando que os vazamentos eram inevitáveis e que ele estava tentando limitar seu próprio desperdício – inclusive colocando baldes em seu chuveiro para pegar o excesso de água.

"Tento não desperdiçar", disse, por sua vez, Barry Martin, 62, acrescentando que procura manter suas contas baixas e preservar esse recurso cada vez mais precioso.

As temperaturas na Inglaterra devem atingir 30 graus Celsius neste fim de semana. A última seca no país aconteceu em 2018.

O clima excepcional deste ano ocorre quando a França também está passando por uma seca recorde e lutando contra grandes incêndios florestais.

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