Dicas para remodelar uma casa de campo — idealista/news

2022-06-25 02:48:21 By : Mr. terry hua

O crescimento do teletrabalho e a vontade de refúgio estão a aumentar o interesse em ter um imóvel em zonas rurais, muitas vezes heranças dos avós ou dos pais, nos arredores das grandes cidades. Mas antes de partir para uma reabilitação de uma casa de campo devemos ter em conta alguns aspetos fundamentais durante o processo de reabilitar este tipo de imóveis, que devido à sua antiguidade e exposição ao frio/calor, costuma apresentar grandes deficiências em termos de conforto, habitabilidade, acessibilidade, consumo de energia ou segurança estrutural.

Tendo em atenção esses aspetos, a opção sustentável é a melhor opção, pelas múltiplas facilidades que se obtém até a nível de ajudas financeiras oferecidas pelas administrações públicas, quer pelas vantagens deste tipo de reabilitação:

Num artigo preparado para o idealista/news, a MELOM*, empresa especializada e líder em remodelação de imóveis, apresenta várias sugestões e dicas sobre os cuidados a ter na reabilitação de uma casa de campo, desde os materiais às soluções de construção mais sutentáveis.

O isolamento térmico isola-nos do calor no verão e do frio no inverno, sem que seja necessário recorrer a equipamentos de climatização. Uma casa bem isolada permite-nos poupar energia e beneficiar de conforto térmico, todo o ano.

Um isolamento térmico eficiente limita as perdas e trocas de calor do interior com o exterior da casa. Até 25% da energia escapa pelas paredes e tetos das casas mal isoladas. Um desperdício que obriga a um aumento do consumo em aquecimento e ar condicionado para além de multiplicar as emissões de CO2, diminuindo também o conforto da nossa habitação. Para compensar estas perdas, a solução é otimizar o isolamento da nossa casa. Esta melhoria proporciona inúmeras vantagens nomeadamente:

Aspetos a ter em conta na escolha do isolamento térmico são a condutividade térmica e resistência térmica. Neste sentido, a melhor opção é utilizar materiais isolantes sustentáveis: lã de rocha, fibra de madeira, espuma rígida mineral.

As janelas eficientes têm impacto direto na fatura energética e na pegada ambiental, sendo que proporcionam mais conforto e ajudam a valorizar a casa. A utilização de vidros duplos nas janelas é atualmente a solução mais adotada em novas janelas. Os vidros duplos surgiram para incrementar o isolamento térmico e acústico da janela, sendo constituídos por duas chapas de vidro separadas por um espaço de ar ou de gás nobre (por exemplo árgon, kripton, xénon).

A espessura do espaço de ar pode variar, sendo comum a utilização de uma caixa de ar a partir de 16mm para otimizar o desempenho térmico. Os vidros triplos, à semelhança dos duplos, surgiram para incrementar ainda mais o isolamento térmico e acústico das janelas. A correta seleção da caixilharia (ou perfil) pode garantir soluções de elevado desempenho da janela. Os materiais mais usuais são alumínio, PVC e a madeira, existindo também outras opções como a fibra de vidro como as que têm maior desempenho. Da mesma forma, é preferível que sejam de estrutura batente ou oscilo batente, pois as janelas de correr não são tão herméticas. É necessário garantir o isolamento das caixilharias, para evitar perdas de calor para que a janela consiga cumprir o seu desempenho.

Opta por eliminar as tintas plásticas que contêm toxinas e componentes tidos como cancerígenos, os COVs (compostos orgânicos voláteis), além de emitirem gases nocivos para a atmosfera até alguns meses depois da sua aplicação. As tintas ecológicas são aquelas que não apresentam estes problemas. Elas podem ser industrializadas ou naturais, mas não é qualquer tinta à base d’água que é considerada ecológica, elas realmente precisam ser livres destes componentes nocivos. 

As alternativas mais naturais são as tintas de terra e de cal, que podem ser adquiridas prontas ou ser feitas em casa, e que, além de não possuírem materiais perigosos em sua composição, ainda contribuem para reduzir o impacto ambiental pelo processo artesanal de fabricação.

Há três tipos de tintas ecológicas ou naturais que variam de acordo com sua composição. Lembrando que, para ser considerada nesta categoria, o ciclo de produção da tinta é avaliado desde o consumo de energia até consumo de água, embalagens, descarte e reciclagem de materiais e insumos, de maneira que realmente seja ecologicamente correta. Até mesmo a quantidade de solventes e produtos de limpeza que são usados na higienização dos recipientes onde são fabricadas as tinta, são levados em consideração no momento da mesma ser classificada como natural.

São três opções para tinta ecológica:

Quando tratamos de condicionamento acústico referimo-nos de como o som emitido dentro do ambiente se comporta no mesmo. Este som emitido pode ser a música produzida por um instrumento, a própria fala e o som emitido por alto-falantes. Embora o sistema de condicionamento acústico esteja mais direcionado para estúdios de gravação, cinemas, igrejas, bares, restaurantes etc, hoje em dia com o teletrabalho a crescer e a necessidade de fazer videochamadas, conseguir estra concentrado abstraindo-se dos restantes ruídos externos é uma mais valia incorporar este tipo de sistema no projeto habitacional.

Os imóveis projetados há duas ou mais décadas, certamente não levaram em consideração aspetos da vida quotidiana do século XXI e carregam uma grande possibilidade de estarem subdimensionados para lidar com tanto consumo. Pelo que se deverá fazer uma revisão verificando o quadro de distribuição se possui ligação à terra, cabos, tomadas, e interruptores identificar se estão em mau estado ou se é necessário uma mudança generalizada.

Ajustes no dimensionamento e reparos que podem ser feitos a partir das revisões, como a substituição de equipamentos já obsoletos por novos e a incorporação de novas tecnologias, como as lâmpadas de LED, tendem a resultar em menos consumo, mais capacidade de atuação e menor custo.

Da mesma forma que outros materiais entram em deterioração, o mesmo acontece com os tubos e acessórios, nomeadamente os canos. Antigamente utilizavam-se tubos de cobre, os quais devem ser substituídos por tubos em materiais mais recentes com propriedades mais duradouras e benéficas para a saúde. É importante substituir as canalizações antigas de chumbo e cobre por outras mais atuais de aço inoxidável, cerâmica em última instância pode utilizar os de polietileno ou polipropileno.

Para a solução de poupança de água podem ser utilizados filtros domésticos que podem ser utilizados não só em água para consumo humano, como também em equipamentos, como por exemplo a máquina da roupa ou da louça, ajudando a prolongar o seu tempo de vida e a evitar avarias provocadas pelo calcário ou outros minerais ou detritos presentes na água.

Os redutores de caudal reduzem a quantidade de água que sai na torneira através da mistura de ar na água e os reguladores de caudal (mais indicados para o setor hoteleiro) asseguram que o caudal de água é sempre o mesmo, independentemente da pressão disponível, através de um o-ring reativo à pressão da água.

Atualmente, existem torneiras e chuveiros já com integração de sistemas económicos e ecológicos, como, por exemplo, cartuchos com discos cerâmicos fechados, que exercem uma pequena resistência durante a abertura do manípulo, obrigando a uma abertura total em dois passos, ou seja, no primeiro passo a torneira abre apenas com 50% do caudal disponível. Igualmente económicas são as torneiras temporizadas (acionadas por um botão, com um tempo pré-definido) ou com sensor (acionadas por sensor de movimento).

Além destas soluções, existem ainda as torneiras termostáticas que ajudam a evitar desperdícios de energia, pois garantem a mesmas temperatura e caudal durante todo o banho, sendo o controlo feito na própria torneira e não pelo sistema tradicional de mistura manual de água que, por vezes, provoca situações desagradáveis de diminuição de caudal e de temperatura bruscas.  

Os mecanismos de dupla descarga permitem reduzir o consumo de água ao possibilitarem descargas parciais ou completas do autoclismo, aquando do uso da sanita. Além deste botão de descarga dupla, os próprios autoclismos, atualmente, têm capacidades mais reduzidas, comparativamente com os existentes no passado. Na verdade, estas soluções só são realmente viáveis quando utilizadas em sanitas preparadas para este tipo de descargas. É, por isso, importante assegurar a solução completa.

Se optarmos pelo recurso a energias renováveis, como a biomassa ou a energia solar, ao invés de energias cujo recurso são os combustíveis fósseis, altamente poluentes, a nossa pegada ecológica irá, irremediavelmente, ser muito menor.

Se precisares de substituir ou instalar um sistema de aquecimento na reabilitação da casa, deverá considerar:

A energia solar brilha, ilumina e aquece. Sem dúvida, a melhor fonte de energia natural. O sol pode, sem grande complexidade técnica, funcionar como fornecedor de energia ou calor. Basta utilizar painéis e alguns equipamentos complementares. Tudo isto com o melhor balanço energético e ambiental possível: zero emissões de poluentes.

Nesta área podem encontrar-se dois tipos de soluções.

A madeira tem vindo a assumir um papel cada vez mais importante na arquitetura moderna. Além das suas caraterísticas naturais de força, beleza, durabilidade, eficiência térmica e acústica, resistência ao fogo e aos sismos, a madeira tem atualmente a resposta a um dos maiores desafios do nosso tempo: a sustentabilidade.

Utilizar produtos de madeira ajuda a preservar as florestas, uma vez que madeira é uma esponja de carbono. Em crescimento, uma árvore absorve quase uma tonelada de CO2 por cada metro cúbico de crescimento. Este CO2, retido na madeira, continua afastado da atmosfera mesmo quando a madeira é transformada em produto acabado. Desta forma, a madeira contribui fortemente para a redução dos gases que provocam o efeito de estufa.

Uma decoração sustentável faz parte de um estilo de vida e é feita pensando no futuro descarte de materiais, que consequentemente afetarão a natureza.  Para começar, ao falarmos sobre sustentabilidade, é preciso pensar em três conceitos:  reutilizar, reduzir e reciclar.

Usa a criatividade e reaproveita. Sem utilizar mais nenhum poluente, a primeira ideia para se ter em mente na hora de procurar a sustentabilidade na decoração é reaproveitar o que ja tens. Mudar de lugar, de função ou até mesmo dar uma renovação num móvel.

Mas se comprares novos móveis para a casa, dá preferência a marcas sustentáveis que utilizam madeira de reflorestamento, uma vez que estes não agridem o meio ambiente, possuem uma alta durabilidade e trazem bem estar, sofisticação e harmonia para o lar.

*Este artigo contou com o apoio técnico do Querido Mudei a Casa – Obras Querida Cristina Lopes (Lisboa - Loures)

O coronavírus provocou grandes mudanças, muitas delas relacionadas com o nosso dia a dia. Uma delas foi a de muitas pessoas quererem deixar as cidades para instalarem-se em áreas mais sossegadas, sejam elas mais pequenas ou espaços rurais. Não é de surpreender que isso tenha alimentado a criatividade de muitos estúdios de arquitetura, que começaram a criar designs para atender a essa nova tendência. Encontrámos um deles no Equador, onde o RAMA Studio reabilitou uma casa fantástica, conhecida como Casa Mirador, para uma família da periferia de Quito, com peças pré-fabricadas.

Eu* nasci na cidade. Em Almada. Já crescida, e mãe, fui viver para Lisboa. Faço parte daquele grupo de pessoas que não imagina (imaginava) a vida sem as luzes dos prédios e dos carros, o som das ambulâncias e dos aviões, e aquele burburinho constante que nos faz acreditar que não existe um único instante em que as ruas estejam vazias. A cidade tem uma certa poesia. E palavras bonitas à parte, a cidade tem uma quantidade infinita de qualidades: a proximidade de tudo, a possibilidade de andar sempre a pé, os cafés e restaurantes, os supermercados e uma farmácia em cada esquina - com uma sempre em horário alargado. A cidade tem tudo.

“O local ideal é no campo. Longe da cidade, mas perto". É nisto que acreditam António e Catarina Raminhos, um casal conhecido e adorado pelo grande público. Para quem os segue nas redes sociais, sabe que são uma família divertida e unida, da qual também fazem parte as três filhas: Maria Rita, Maria Inês e Maria Leonor, e dois cães. A casa nova serviu para os juntar ainda mais em torno deste projeto (ou aventura) de vida que foi criar uma casa que servisse a todos a partir do zero.

“Viver mais devagar”, foi isso que Rita Fazenda, editora, ganhou quando trocou a cidade pelo campo. Arriscaria dizer que é a consequência natural desta mudança, seja em forma de desejo concretizado ou aprendizagem forçada (sei bem como estranhei os primeiros tempos de calma e silêncio). Mas eu* cresci na cidade, enquanto a Rita nasceu em Évora, há quatro décadas. E viveu até aos seus 17 anos no Redondo, onde ainda reside toda a sua família. Viveu, depois, em Lisboa durante 20 anos, com direito a tudo o que a “cidade grande” tinha para lhe dar. Mas as raízes ficaram sempre guardadas nos ares do Alentejo.

O campo nunca foi uma hipótese para Maria Couto, era uma menina da cidade do Porto, onde nasceu. Em 2014, a professora de ioga saiu da sua terra para conhecer o mundo. Apaixonou-se pelo Brasil. A vida levou-a a de volta ao Porto, mas Maria já não era a mesma pessoa. Estava grávida e tinha sentido o impacto da natureza. O Porto podia ser um lugar de oportunidades profissionais, mas Maria, tal como eu*, já não se sentia parte da cidade.  Viveu algum tempo em casa de familiares, mas sentia falta do seu espaço e privacidade. Complicada e desafiante, essa foi a fase em que foi pensando na casa onde desejava viver. Idealizava-a em pensamento e a imagem que surgia era a de um vasto campo verde. Dizem que força do pensamento é mais poderosa do que aquilo que pensamos.

Marta Cuntim e Nuno tinham uma certeza: queriam viver numa casa, nunca um apartamento. E esse objetivo foi concretizado recentemente na Margem Sul, onde - tal como eu* - sentem que acordam todos os dias no campo. Marta Cuntim tem 33 anos, é natural de Viana do Castelo e trabalha como psicóloga e técnica de Recursos Humanos. Nuno Reis, dois anos mais velho, vem de Caminha e é diretor de patrocínios. Ambos cresceram em casas de campo, onde existia espaço e o som dos pássaros a cantar. Mais tarde estudaram em Vila Real e mudaram-se para Lisboa por questões académicas e oportunidades de trabalho.

O mercado residencial português tem dado sinais de sobrevalorização desde 2018. Mesmo durante a pandemia, os preços das casas continuaram a aumentar e no primeiro trimestre de 2022 deram mesmo um salto de 12,6% face ao mesmo período do ano passado, sendo este “o aumento de preços mais expressivo” desde 2010, apontou o Instituto Nacional de Estatística (INE). Mas, agora, o Banco de Portugal (BdP) vem dizer que com as recentes mudanças no crédito habitação (subida de juros e novos limites de idade), há o risco de uma redução dos preços das casas no país, o que poderá fazer estremecer a estabilidade financeira do país.